domingo, 11 de novembro de 2012

Pôr a escrita em dia!

Francisco, tu és o máximo! Com que então achas que devemos pôr a escrita em dia! Passou muito tempo, tu sabes! Podíamos começar tudo de novo, a partir daqui! Não. Queres saber o que de importante aconteceu na minha vida?
Bem, deixa cá ver! Tanta coisa e nada!
Mas, pronto, vou contar-te a minha primeira experiência amorosa. Não, não precisa de bolinha vermelha no cantinho de coisa nenhuma...
Eu nunca fui muito de namorados, tu sabes! Mas, todas as minhas colegas tinham um namorado e eu já estava a pensar que não era uma rapariga normal. Tinhas de te rir de mim, agora? Bom, é melhor não te contar nada!
Está bem, eu conto:

O Carlos era o rapaz mais bonito da escola, vinha de Lisboa, tinha sido transferido. Era mais velho  e também mais sabido, claro! Todas as miúdas andavam atrás dele, já sabes como é! Eu continuava no meu mundo à parte! Ele começou a meter conversa comigo, mas eu não lhe ligava muito. Trocava a conversa com ele por um livro ou por um jogo qualquer... Mas, ele insistia, insistia... convidava-me para passear, queria levar-me à porta da sala de aula... Eu recusava. Que parvoíce era aquela de me levar à porta da sala? 
As outras meninas achavam que eu só podia estar parva por recusar o rapaz mais cobiçado lá da escola... Enfim!
Como é que ele era?
Era alto, olhos esverdeados e travessos, pele bronzeada, cabelo escuro pelos ombros, um sorriso permanente na boca carnuda... Era simpático, atencioso, mas havia qualquer coisa nele que soava a falso. Por isso, demorei tanto a tomar uma decisão!
Como aconteceu?
Ora, foi naturalmente, quase sem dar por isso. De repente, andávamos de mão dada, íamos ao bar juntos, levava-me à sala, ia buscar-me... Despedíamo-nos com um beijinho na cara.
Quando aconteceu o primeiro beijo na boca?
Francisco, estás muito curioso para o meu gosto!
Foi assim: 
Um dia, não tive Matemática e ele faltou à aula para ficar comigo. Não achei nada bem! Fomos passear para o jardim, íamos a conversar... De repente, parou, pôs-se à minha frente, agarrou-me o rosto e beijou-me... Fiquei surpreendida e corada, sentia a cara a arder, em fogo. Ele sorriu e perguntou, gostaste, eu gaguejei um sim muito vermelho.
E depois?
Depois, fomos para a escola!
Ah, o que se seguiu depois do beijo? Seguiram-se outros, mas eu não me sentia muito à vontade... É que começaram a assaltar-me algumas dúvidas. Eu não tinha a certeza se gostava mesmo dele! Se queria mesmo namorar a sério. Depois, ele era bem mais velho do que eu e queria sempre mais do que eu estava disposta a dar-lhe. Eu recusava, ele amuava! Eu não me ralava muito com isso! Ele insistia, eu recusava... E fomos andando assim, entre recusas e amuos...
E?
E um dia, fomos passear, de mão dada, estava um dia lindo, era Primavera... Ele encaminhou-me para o lado da mata, eu disse que não queria ir, mas ele insistiu e insistiu... que me ia mostrar um lugar lindo... Acabei por ir... 
Chegados ao local, perguntou-me, apontando em redor, com um gesto largo, tentando abarcar todo o lugar:
- Não é lindo?
Olhei em redor, meio desconfiada. Mas sim, era lindo, o chão verde, pontilhado de flores azuis, amarelas, vermelhas... As árvores de copas altas e frondosas filtravam a luz do sol que, através da folhagem, reflectia mil cores, mil brilhos...
Olhámo-nos, sorri e ele sorriu também:
- Rita, quando estiveres preparada é aqui que quero fazer amor contigo. A nossa primeira vez terá o Sol como testemunha... Agora, só quero um beijo e agradecer-te por teres confiado em mim...
Encostou-me contra a árvore e beijou-me. Depois, pegou na minha mão, beijou-ma e, de mão dada, calados, saímos dali...
Que bonito! Sério, Francisco, achaste bonito?
Que aconteceu? Porque não estamos juntos ainda?
Porque a vida dá muitas voltas e, acabado o ano, os pais dele mudaram-se de novo para Lisboa e depois foram para Angola. 
Se fiquei triste? Fiquei... Angola não fica já ali! Mas, sabes, guardo uma recordação linda do meu primeiro amor...




1 comentário:

  1. Olá Mena, sem dúvida que é a recordação mais doce que se pode guardar, mas se calhar(ninguém sabe) se esse amor fosse avante teria sido uma linda história de amor no real. Beijos com carinho

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