Francisco,
Hoje, não houve luz e como
tal não houve computador para ninguém, não houve televisão, aparelhagem... nem
sequer telemóveis...
Acendemos a lareira e umas quantas velas... O ambiente
estava muito agradável! Estávamos todos na sala, sentados no sofá, a conversar, em frente à lareira, cada um
com um chocolate quente, na mão, a fumegar, perfumado e espesso, de sabor
intenso...
Leitura à luz das velas? Também não! Impossível. As letras, pequenas
formiguinhas incansáveis, bailavam de um lado para o outro infatigáveis, não
dando descanso aos nossos olhos que piscavam e piscavam a ver se conseguiam
reter uma a uma as palavras que teimavam não parar de se mover, coradas, de cores rubras, a tremeluzir nas páginas cor de sépia...
- Pai, conta-me uma
história!
Todos
olharam para mim, como se estivesse a pedir a lua, o sol, os planetas todos, toda
a galáxia...
-
Rita, és mesmo um bebé! – exclamou a Francisca, algo distraída, com as
labaredas a dançarem-lhe nos olhos grandes.
A
minha mãe sorriu apenas. Não há sorriso mais lindo no mundo do que o da minha
mãe! Quando ela sorri, sorri toda: principalmente os olhos.
Sentei-me
ao colo do meu pai e insisti:
-
Conta-me uma história! Conta-me como conheceste a mãe.
O
meu pai sorriu e disse:
-Ah,
essa é a mais linda história do mundo!
- Pois é, meninos! Mas primeiro temos de ir preparar qualquer coisa para o jantar que hoje vai ser à luz das velas! - rematou a minha mãe.
- Vamos assar a carne na lareira? - perguntou a Francisca.
- Pois, não há luz! - Concordámos em uníssono.
Sem comentários:
Enviar um comentário