domingo, 20 de janeiro de 2013

Conta-me uma história!




Francisco,


Hoje, não houve luz e como tal não houve computador para ninguém, não houve televisão, aparelhagem... nem sequer telemóveis... 
Acendemos a lareira e umas quantas velas... O ambiente estava muito agradável! Estávamos todos na sala, sentados no sofá, a conversar, em frente à lareira, cada um com um chocolate quente, na mão, a fumegar, perfumado e espesso, de sabor intenso... 
Leitura à luz das velas? Também não! Impossível. As letras, pequenas formiguinhas incansáveis, bailavam de um lado para o outro infatigáveis, não dando descanso aos nossos olhos que piscavam e piscavam a ver se conseguiam reter uma a uma as palavras que teimavam não parar de se mover, coradas, de cores rubras, a tremeluzir nas páginas cor de sépia...
- Pai, conta-me uma história!
Todos olharam para mim, como se estivesse a pedir a lua, o sol, os planetas todos, toda a galáxia...
- Rita, és mesmo um bebé! – exclamou a Francisca, algo distraída, com as labaredas a dançarem-lhe nos olhos grandes.
A minha mãe sorriu apenas. Não há sorriso mais lindo no mundo do que o da minha mãe! Quando ela sorri, sorri toda: principalmente os olhos.
Sentei-me ao colo do meu pai e insisti:
- Conta-me uma história! Conta-me como conheceste a mãe.
O meu pai sorriu e disse:
-Ah, essa é a mais linda história do mundo! 
- Pois é, meninos! Mas primeiro temos de ir preparar qualquer coisa para o jantar que hoje vai ser à luz das velas! - rematou a minha mãe.
- Vamos assar a carne na lareira? - perguntou a Francisca. 
- Pois, não há luz! - Concordámos em uníssono. 

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