Não tenho conseguido dormir.
Deito-me e, pouco depois, sinto que alguém me carrega ao colo e me deposita numa cama desconhecida. Cheira mal, os lençóis não estão lisinhos sobre o colchão. Há um cheiro acre nesta cama. A roupa não cheira a flores nem a campo. Os lençóis não são floridos nem bordados, têm uma cor indefinida. A luz é ténue e treme. O homem sem rosto deita-se ao meu lado e põe uma perna entre as minhas, eu faço força para me soltar e ele soletra um chiu longo e quente ao meu ouvido. Não reconheço as feições do homem, o seu rosto está tremido. Parece uma fotografia mal tirada! Estou tensa, sou de pedra. E ele começa a beijar-me os cabelos, a testa, e a sua mão desliza pelo meu pescoço. Quero gritar. Quero sair dali. Afasto a mão dele e ele agarra-ma e põe-ma sobre “aquilo” rijo e grande e diz roucamente, “faz festinhas no meu bichinho, faz”. Afasto a minha mão rispidamente, mas ele agarra-ma de novo, envolvendo-a com a sua, como uma concha e volta a pô-la no “seu bichinho” repugnante, obrigando-me a acariciá-lo. A sua boca quente pousa nos meus olhos que cerro com tanta força que doem. Tento gritar, mas da minha garganta em nó só sai um breve e longo lamento. Abana-me, chiu, vais gostar, vais ver como é bom! A outra mão vai deslizando pelo veludo do meu corpo que treme, e a sua boca procura a minha, viro a cara, mas ele não desiste, sinto a sua língua viscosa no meu ouvido. Remexo-me, enterro a cara na almofada. Mordisca-me a orelha. Largue-me, deixe-me! Mas ele não me larga, não me deixa. Agarra-me a cabeça com força e beija-me, morde-me os lábios selados, lambe-mos. Sinto a sua língua descer-me pelo queixo, pelo pescoço… detém-se no meu mamilo cor-de-rosa e chupa, chupa… Dói-me. Contorço-me, tento afastá-lo. Estás a gostar, minha putazinha, estás a gostar? Sinto a sua perna a afastar as minhas com força, a sua voz está rouca, a sua respiração é pesada. Coloca a mão no meu fruto proibido. Arranco-lha dali. Ri-se. Parece louco. Tomba sobre mim e agora tenta encaixar as suas pernas dentro das minhas que aperto com toda a força. Grito. Não!
- Rita, Rita, querida, acorda!
Abro os olhos e vejo o rosto preocupado da minha mãe. Cheira a flores. Os lençóis floridos são tão lisinhos e macios! A voz da minha mãe é uma carícia tão boa!
- Que se passa, Rita? Estás a chorar? Foi um pesadelo, querida, já passou.
- Era ele, mãe, era ele! O pai da Joana, o pai da Joana veio buscar-me e levou-me…
- Fofinha, estás aqui. Eu estou aqui. Foi só um pesadelo.
- Fica comigo, mãe, dorme de mão dada comigo, como quando eu era pequenina.
- Vamos dormir, então. Foi só um pesadelo.
Sem comentários:
Enviar um comentário