quarta-feira, 3 de março de 2010

O Diário é um amigo!

Esta noite mal consegui dormir, estava excitada. Mais um ano, mais um amigo, mais uma festa, mais uma data de presentes inúteis... Não conseguia dormir e enquanto dava voltas na cama à procura dos carneiros, pensei que isto de escrever um diário era um bocado estranho, afinal vou contar coisas a quem? Talvez seja melhor dar um nome ao diário, como se tivesse um amigo íntimo, um confidente! Assim, em vez de dizer: Querido diário, hoje aconteceu-me isto ou aquilo, digo: João, Luís, Francisco... Ficou decidido então que daria um nome ao diário e que lhe traçaria também um retrato.

Querido Francisco, hoje fiz anos (gramaticalmente, esta frase não parece muito correcta. Hoje é presente e fiz é passado, mas, repara, a verdade é que nasci às 8 horas e 30 minutos, logo de manhãzinha, portanto já é passado. Mas isso não me preocupa muito, porque, na verdade, para mim, eu só faço anos no momento em que me cantam os parabéns, logo como isso aconteceu às cinco horas da tarde, foi nessa altura que fiz anos e como agora já são quase 11 horas, já fiz anos, embora tenha sido hoje). Parece que te confundi, Francisco!
Logo de manhã comecei a receber mensagens. A professora de Português deixou que me cantassem os parabéns. Mas o melhor estava ainda para vir: a festa e os presentes.
E a festa correu bem, a mãe e a avó prepararam um lanche e eu pude convidar os meus amigos e amigas. Os presentes foram livros, vídeos, roupa... e um jogo de matraquilhos. A minha avó, para variar, ofereceu-me mais um conjunto de toalhas para o enxoval! Já lhe disse uma vez que não queria esse tipo de presentes, mas ela diz que um dia vou agradecer e gostar das rendas e bordados que ela faz e me oferece... Agora, aceito, contrariada, é claro, mas sorrio e dou-lhe um beijo com um: ó avó, que lindo!
Francisco, isto de te ter dado o nome de um rapaz, parece não ter sido boa ideia, porque hoje, quando fomos todas para o meu quarto falámos de coisas que eu nunca contaria a um rapaz! Mas, enfim, tu és um amigo virtual, não vais comentar nem contar a ninguém os meus segredos. A Joana perguntou-me se me lembrava do pior presente de anos da minha vida. Não foi preciso pensar muito! O pior presente que recebi foi o período ou a menstruação no dia em que fiz 13 anos. Fartei-me de chorar e a minha irmã fartou-se de gozar comigo e atirou-me um "espero que não chores um dia por não o teres!" Achei que ela estava parva, quem é que chora por não ter uma chatice daquelas?
Os rapazes começaram a bater à porta do quarto e nós decidimos saltar pela janela e fugir para o jardim. O pai viu e pregou-nos um valente raspanete, que éramos piores que os rapazes. Umas doidivanas, disse a Margarida a rir. Mas o pai não achou graça.
A festa terminou perto da meia-noite. Amanhã, temos aulas!

terça-feira, 2 de março de 2010

E agora?

Olá!

Chamo-me Rita e estou aqui sem saber muito bem porquê. A culpa é da minha mãe que diz que tenho de escrever muito se quero escrever bem, que tenho de ler muito, se quero ler bem, bla-bla-bla-bla...
Assim, vou começar por apresentar-me! Já disse o meu nome. Faço 15 anos, amanhã. Tenho uma irmã, a Francisca, mais velha do que eu sete anos. Está na Faculdade. Os meu pais são professores. O meu pai trata os números por tu, diz que a Matemática está em todo o lado e que é precisa para tudo na vida. A minha mãe vive no mundo das metáforas e das personificações e, muitas vezes, também anda de braço dado com as hipérboles. A minha avó era professora primária, como se dizia antigamente e está reformada. Reformou-se no bom tempo, diz a minha mãe! Pois, porque ela e o meu pai vão andar a dar aulas de muletas, de cadeira de rodas, com umas quantas fraldas descartáveis na mala!... O meu avô está reformado, mas continua a trabalhar, diz que parar é morrer. Como vês, querido Diário, ele quer viver eternamente e ainda bem! Eu gosto muito destes meus avós! São os pais da minha mãe. Estão sempre prontos a ajudar todo o mundo! Foram eles que me criaram e à minha irmã, enquanto os meus pais andavam com a casa às costas, um para cada lado. Os meus avós da parte do meu pai, são pessoas simples, vivem numa aldeia. A minha avó vive no meio de galinhas, coelhos, patos, couves, alfaces, cenouras, batatas... O meu avô está doente, deu-lhe um AVC e agora não faz nada. Limita-se a esperar pela morte, desistiu de viver, diz o meu pai! Eu não acho que ele tenha desistido da vida, ele come, ele vai ao médico, à fisioterapia, ele passa o tempo a gritar pela minha avó...
Tenho tios e tias, primos e primas, como toda a gente, mas não vou falar deles agora.