terça-feira, 4 de maio de 2010

O meu avô morreu

Olá, Francisco!
Tenho andado muito ocupada e não te tenho ligado nenhuma.
Novidades? Sim, há muitas. O meu avô morreu. E eu que pensava que não ia sentir a sua falta! Mas fiquei triste, fez-me confusão vê-lo dentro do caixão, parecia adormecido, estava bonito, bem vestido, com a barba feita, o cabelo muito alinhado. Parecia que a qualquer momento se ia levantar e perguntar: Que estão todos aqui a fazer?
A minha avó envelheceu cem anos de ontem para hoje. Ela é baixinha, mas hoje está ainda mais pequenina, os olhos baços de tanto chorar, as mãos e a voz a tremer. O meu pai não chora, tem o semblante tão carregado, parece de pedra! A minha irmã ainda não sabe, a minha mãe disse que só lhe dizemos quando chegar, não quer que ela se aflija. Ela chega esta noite, vem depois das aulas. A minha tia, irmã do meu pai, chora tanto! Está com remorsos, o pai morreu zangado com ela. Agora já não podem fazer as pazes. A minha mãe soube durante uma aula, esta manhã. Quando recebeu o telefonema do meu pai, virou-se para o quadro e começou a chorar, os alunos ficaram aflitos, rodearam-na a perguntar o que tinha acontecido. Ela só conseguiu dizer-lhes que arrumassem as coisas e que saíssem. Eles deixaram tudo na sala e foram chamar a funcionária e levaram-lhe um chá.
Morreu o pai do meu pai e ele não chora! Eu também não chorei à frente de ninguém, só um bocadinho no meu quarto. Ninguém viu!
Vou para a escola, não me apetecia nada ir! Mas já sabes como é a minha mãe! Ela diz que temos de fazer a nossa vida normal, que já não podemos fazer mais nada pelo meu avô, só rezar pela sua alma. Houve logo alguém que disse: Enterram-se os mortos e cuidam-se dos vivos!
Até amanhã!

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